Existe uma relação entre peso, sono inadequado e saúde debilitada?
A resposta parece ser sim. Em um recente encontro patrocinado pela Fundação Norte Americana do Sono, em Washington, DC, os pesquisadores discutiram a interação da obesidade, do sono e da saúde.
Entretanto, uma questão importante ainda está pendente: qual desses elementos vem antes, a perda do sono, o aumento do peso e/ou o dano à saúde?
A resposta parece ser sim. Em um recente encontro patrocinado pela Fundação Norte Americana do Sono, em Washington, DC, os pesquisadores discutiram a interação da obesidade, do sono e da saúde.
Entretanto, uma questão importante ainda está pendente: qual desses elementos vem antes, a perda do sono, o aumento do peso e/ou o dano à saúde?
Probabilidade de Engordar:
Embora a obesidade tenha aumentado nos Estados Unidos no século passado, os cientistas observaram um crescimento mais rápido deste problema nas últimas três décadas. Nos últimos 30 anos, os casos de obesidade foram mais freqüentes em todas as idades, raças e em ambos os sexos. Embora em 70 a 80 por cento dos casos, a obesidade ocorra por fatores genéticos, outras causas também contribuem para um aumento excessivo do peso. Entre elas: - Falta de exercícios - Novos métodos de processar e comercializar alimentos - Novas drogas e novos hormônios usados para tratar doenças como hipertensão, hiperatividade e depressão - Primeira gestação em idade avançada - Uma maior capacidade de controle da temperatura através do condicionamento do ar e do aquecimento.
Exatamente de que modo o peso e o sono interagem?
Eis o que sabemos sobre isso:
1. O aumento de peso torna a respiração mais dificil: Há muito tempo que os pesquisadores da comunidade do sono sabem que o aumento do peso torna a respiração mais difícil durante o sono. Em muitos casos, complicações como a apnéia do sono (cessação do fluxo de ar durante o sono) podem ser tratadas apenas com a perda de peso.
2. A apnéia do sono está relacionada a mais problemas de saúde: Pessoas com apnéia durante o sono possuem mais doenças cardiovasculares, tais como ataques cardíacos, derrames e hipertensão, assim como diabetes. Essas condições se agravam com o excesso de peso.
3. A apnéia do sono não é apenas um problema anatômico: Os pesquisadores do sono perceberam agora que a cura da apnéia do sono não é apenas uma questão de ventilar melhor a pessoa. Síndromes metabólicas tais como resistência à insulina e hipoxia (pouco oxigênio) também contribuem para o problema.
•Sobre Ratos e Homens
•Há fortes indícios de que o aumento do peso pode contribuir isoladamente para a piora do sono de alguém. Por exemplo, um estudo recente comparou o sono de ratos e humanos obesos com o de ratos e humanos não obesos (nenhum deles tinha apnéia).
O sono dos participantes obesos era menos longo, mais fragmentado e mais influenciado pelo stress emocional do que o sono dos participantes não obesos.
•De acordo com o estudo, os participantes obesos ficavam mais sonolentos durante o dia do que seus congêneres não obesos, mas tinham menos sono durante a noite. Aparentemente, o seu ritmo circadiano (relógio de 24 horas de sono/ vigília estava desajustado).
•As razões para essa diferença ainda estão sendo investigadas, mas podem estar relacionadas a um aumento (bem como a outras mudanças) em determinados processos que ocorrem quando as pessoas são privadas do sono, quais sejam, secreções de marcadores inflamatórios suaves e respostas imunológicas). Esses marcadores inflamatórios podem também mudar o modo de nossos corpos produzirem insulina e usar a glicose - aspectos importantes para o diabetes (1).
•Ademais, a mera redução do período de sono de alguém pode levá-lo a aumentar de peso e a iniciar o ciclo de obesidade e má saúde! Embora muitos artigos tenham sido publicados nos últimos anos sugerindo esse fato, os mecanismos já são melhor compreendidos atualmente. As evidências são mais observadas em jovens e em indivíduos de meia-idade do que em indivíduos de idade avançada.
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Fome de Sono
•Períodos mais curtos de sono resultam em níveis menores de produção de um hormônio denominado leptina (relacionado à nossa sensação de saciedade) que é secretado durante a noite. Além disso, períodos menores de sono aumentam os níveis de um hormônio denominado grelina relacionado à produção do apetite. Quando esses hormônios estão desequilbrados, o corpo é levado a achar que está com fome.
•Ambos os hormônios causam impacto sobre o apetite humano. Quando o corpo não recebe alimentos suficientes - ou acha que não está recebendo alimento suficiente - reage como se estivesse faminto e entra rapidamente em um modo de armazenamento, construindo camadas de tecido adiposo (2). Em conseqüência disso, indivíduos privados de sono sentem um apetite muito maior e procuram supri-lo com fast food, porque esses alimentos são ricos em carboidratos.
•Ao ingerir mais alimentos ricos em carboidratos, o indivíduo ganha peso e armazena tecido adiposo. O tecido adiposo secreta hormônios e cria fatores imunológicos (citocinas) que interagem com outros hormônios sexuais e a cortisona. Juntos, eles produzem o cortisol, um hormônio do stress. Infelizmente, esta interação começa e termina com produção de tecido adiposo! Esse círculo vicioso prejudica o sono e a saúde.
•Uma decisão visceral
•Através do uso de técnicas no campo da biologia molecular, os cientistas sabem agora que muitas células de nosso corpo possuem ritmos que acionam (ligam/ desligam) sono e vigília. Há uma ligação estreita entre os ritmos de sono/vigília e o metabolismo. E embora essa ligação ocorra provavelmente em nível cerebral, ela é também significativamente influenciada pelo intestino!
•Para melhor entender essas mudanças sutis, considere o que acontece quando alguém é submetido a grandes alterações de fuso horário. O sono ou a insônia não é o único problema. Quando as pessoas viajam para regiões de fusos horários muito diferentes, ocorrem também mudanças nas suas funções digestiva e intestinal.
•Embora os pesquisadores do sono estejam examinando diversos mecanismos do corpo para entender melhor a ligação entre sono e aumento de peso, eis uma constatação que já foi feita: Com o passar do tempo, a perda do sono acarreta um desequilíbrio que pode gerar resistência à insulina (um precursor do diabetes).
•De acordo com as pesquisas atuais, essa síndrome sono-aumento de peso acontece mais significativamente com adultos abaixo dos 50 anos e, aparentemente, diminui com o envelhecimento. Na verdade, quando essa relação sono/aumento de peso acontece, ela pode ser ainda mais aguda durante a juventude, particularmente durante a adolescência.
•Embora o impacto do stress sobre a capacidade de alguém dormir bem não seja ainda inteiramente claro, ele parece estar muito ligado à redução do sono, especialmente em estudos com mulheres.
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Um equilíbrio crítico:
Embora saibamos que o sono não é a única causa da obesidade e da má saúde, sabemos que é uma delas.
Por isso, o aumento na atenção ao meu sono e ao meu peso do que antes para garantir um envelhecimento feliz e uma boa saúde prolongada.
A pesquisa é clara. Assim como precisamos de comida, exercício e água em nossas vidas diárias, precisamos de um sono de qualidade durante a noite para continuarmos a viver com uma saúde equilibrada.
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Fontes:
Fontes:
•1) Saper CB, Scrammell TE, Lu J. Hypothalamic regulation of sleep and circadian rhythm (Regulação hipotalâmica do sono e do ritmo circadiano). Nature 2005; 437: 1257 -63
•2) Spiegel K, Tasalo E, Penev P, Van Cauter E.Sleep curtailment in young men is associated with decreased leptin levels, elevated ghrelin levels, and increased hunger and appetite (A Redução do sono em homens jovens está associada ao decréscimo dos níveis de leptina, ao acréscimo dos níveis de grelina e a um aumento da fome e do apetite) Annals Internal Medicine 2004; 141 (11): 846-650
•3) Bixler EO, Sleep duration and obesity: the role of stress and sleep complaints (Duração do sono e obesidade: o papel do stress e queixas sobre o sono). SLEEP 2006 (no prelo).