Cochilar ao volante é uma das atitudes mais perigosas no trânsito. De acordo com o médico neurologista Marcus Sabry, doutor em Medicina Interna e Terapêutica, entre 27% e 32% dos acidentes de trânsito no mundo são provocados por motoristas que dormem na direção, responsáveis também por valores entre 17% e 19% das mortes no asfalto. "Isso sem contar as mortes das pessoas acidentadas que são levadas aos hospitais para atendimento", ressalta Sabry.
Estudos mostram que a chance para acidentes automobilísticos é duas vezes maior com motoristas que sofrem de apnéia obstrutiva do sono. O distúrbio acomete de 2% a 4% da população saudável. Nos portadores de doenças cardíacas, a prevalência pode chegar a até 30%.
Barulhos durante a noite, desconforto na cama causados pelo calor ou por um colchão em má condição também podem atrapalhar a qualidade do sono.
A apneia provoca sonolência durante o dia, alteração de memória e comprometimento do sistema cardiovascular, com o possível desenvolvimento de hipertensão arterial. “Como a pessoa dorme muito mal, acordando diversas vezes ao longo da noite para poder respirar, sente muito cansaço no dia seguinte e o grande risco é acabar cochilando no volante”, alerta Marcus Sabry.
“A relação de acidentes automobilísticos ocorre não apenas com a apnéia obstrutiva do sono, mas também com outros distúrbios do sono, como insônia e narcolepsia, os quais podem provocar fadiga ou sonolência incapacitante e, assim, provocar acidentes”, afirma o neurologista.
A avaliação médica envolve pesquisa dos sintomas específicos, como ronco constante, engasgos e sonolência diurna, e busca por evidências físicas como obesidade, hipertensão, pescoço largo, entre outros. Se for identificado um risco alto para a doença, é feito um encaminhamento para a avaliação médica específica e a polissonografia, exame que registra as atividades cerebrais e respiratórias durante o sono.
Para tratar, o paciente precisa perder peso e resolver a obstrução nasal ou, nos quadros moderados e graves, usar, durante o sono, uma máscara nasal conectada a um compressor de ar, que gera pressão para abrir a via aérea. “Independente do perigo no trânsito, os distúrbios do sono afetam a qualidade de vida das pessoas. É importante o tratamento, pois o descaso pode levar a sérias complicações que podem levar até ao enfarto”, finaliza.
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